tatuagem

Publiquei o vídeo do Chico ontem porque queria falar um pouco mais sobre ele, e, também, porque tenho visto videos ótimos lá na Maristela, acabei me inspirando.

A própria Maristela inspirou um pouco este texto, quando falou que ela gosta mesmo daquele Chico que cantava Morena dos Olhos d'água. Pois é, é exatamente este o Chico mais vendido,o Chico mais lembrando, aquele que enfrentava, nas entrelinhas das suas letras, o regime militar.

A obra de Chico, pra mim, é atemporal, algumas de suas muitas letras parecem que foram escritas ontem.

Gosto de todas suas fases, mas são suas letras femininas que me surpreenderam primeiro, a partir delas fui em busca das outras, querendo conhecer a obra toda, isso que tenho feito, entre um intervalo e outro, quando dá tempo.

Não lembro bem qual das letras que me chamou a atenção de primeira, sempre gostei de A flôr da pela, acho que conheci Chico com esta música.

No seu último cd, Carioca, tem muitas músicas que poderiam fazer parte de outros cds ou lps, como Renata Maria, Ela faz Cinema, As atrizes, por exemplo, ao mesmo tempo em que Chico se apresenta moderno em Ode aos Ratos...moderno, presente, passado, atemporal.

Talvez Chico esteja ha algum tempo tentando desvincular sua imagem daquele Chico "mais vendido", o que batia de frente com a censura e com a ditadura, mas isso não é fácil, todos querem aquele Chico subversivo.

Ainda continuo lendo o Chico de Fernando Barros e adorando cada linha, descobrindo mais coisas pra ler sobre ele.

Chico não envelheceu,pelo contrário, é como o vinho, suas letras são sempre geniais, ele segue fazendo leitura da sociedade brasileira e brincando com as palavras em cada letra, com em Uma Palavra de 1989.


Uma palavra
Chico Buarque/1989

Palavra prima
Uma palavra só, a crua palavra
Que quer dizer
Tudo
Anterior ao entendimento, palavra

Palavra viva
Palavra com temperatura, palavra
Que se produz
Muda
Feita de luz mais que de vento, palavra

Palavra dócil
Palavra d'água pra qualquer moldura
Que se acomoda em balde, em verso, em mágoa
Qualquer feição de se manter palavra

Palavra minha
Matéria, minha criatura, palavra
Que me conduz
Mudo
E que me escreve desatento, palavra

Talvez, à noite
Quase-palavra que um de nós murmura
Que ela mistura as letras que eu invento
Outras pronúncias do prazer, palavra

Palavra boa
Não de fazer literatura, palavra
Mas de habitar
Fundo
O coração do pensamento, palavra

Comentários

Anônimo disse…
Grazilinda, sempre é uma delícia ler os teus escritos. Demorou, mas passei os olhos por eles de novo.
E ler sobre a tua mono aumenta aquela saudade. Aliás, é bom eu dar um jeito na minha. hehehe
Beijos em ti querida.
Felicidades
ninguém disse…
dá uma olhada no yuoutube em chico a banda! lindo e verde. mas continuo achando que ficou muito chato nos ultimos tempos. eu sei, tô ficando velha e saudosista
bj

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