tarde de solidão...
Fiquei pensando de onde veio aquela senhora que pendurou seus panos ali na praça. Colocou uma corda de uma árvore a outra e pendurou tudo, depois de usar o arroio como tanque. Parecia que estava no pátio da sua casa. E estava. Já que na rua era sua casa. Não tinha visto ela ainda por ali. Teria vindo tentar a vida na capital? Talvez sim, quando mais jovem, mas parecia que fazia algum tempo que morava assim, de praça em praça, de baixo de alguma ponte. Quem sabe fecharam sua ponte e ela estava em busca de um novo lugar? Quem sabe? Sentou-se no banco da praça e deixou do seu lado um carrinho, daqueles de supermercado, com algumas roupas. Era tudo o que ela tinha. O carrinho, alguns panos, poucas roupas e pelo seu jeito, muitos anos de dor. Era um dia bem quente, como todos deste verão de Porto Alegre. Ela tinha um lenço azul na cabeça que escondia os seus fios brancos. O seu rosto uma expressão de cansaço. Seus olhos fundos estavam tristes. Talvez uma tristeza acumulada por anos de solid...