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Mostrando postagens de maio, 2006

Lua Adversa

Tenho fases, como a lua Fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha. Fases que vão e que vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. E roda a melancolia seu interminável fuso! Não me encontro com ninguém (tenho fases, como a lua...) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua... E, quando chega esse dia, o outro desapareceu... Cecília Meireles Gostaria de ter escrito esta poesia. Porque é m inha preferida, porque me descreve bem. Tinha 13 a primeira vez que li. Sigo relendo. Eu e minhas intermináveis fases. Não que sejam muitas, são fases que se alternam: que vão e que vem. num secreto calendário, inventando não sei bem por quem. Fases de andar escondida. Fases de ir para a rua. Fases de ser sozinha, ser de ninguém. Fases de ser tua, mas neste dia, não é seu dia de ser meu. E assim, não me encontro com ninguém. quando chega neste dia, o o

comemorações

O aroma de canela tomou conta do ambiente e aqueceu nossa tarde de domingo. São os meses de maio e junho que concentram os dias festivos. As muitas datas de aniversário tem conseguido reunir praticamente toda família. É muito bom rever todos comemorando juntos novamente. Nestes dias, colocamos a conversa em dia. Acompanhados de mesa farta e do chá de canela. “Receita da família”, que agora preparo. Quando há tempo, preparo os doces e salgados. Mas o tempo tem faltado, quase sempre. Nos últimos anos, o gasto entre as pilhas de livros. Preparo muito menos “quitutes" do que gostaria. Tenho gosto pela cozinha. Gosto dos aromas e temperos. Me sinto “meio bruxa” e gosto. Herança de minhas avós. A paterna me deixou receitas de bolos doces e salgados, entre tantas grandes recordações. O domingo tinha sabor do seu bolo que reunia todos ao redor da mesa. A materna, anda longe da cozinha, mas me passou suas receitas: um feijão, conhecido por maravilha, sonhos assados, molhos e massas italian

quintanares II

"Sempre que chove Tudo faz tanto tempo..." "...Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação..." "Não desças os degraus do sonho Para não despertar os monstros. Não subas aos sótãos - onde Os deuses, por trás das suas máscaras, Ocultam o próprio enigma. Não desças, não subas, fica. O mistério está é na tua vida! E é um sonho louco este nosso mundo..."

fotógrafos literários

Li ontem que o J.R. Duran escreve cartas para ele mesmo, em suas viagens. Interessante, eu as vezes me escrevo emails, mas nada demais, só pra enviar arquivos. O que eu escreveria para mim mesma? Se eu viajasse como J. R. Duran, talvez tivesse mais coisas pra me contar... Pois o J.R. Duran já escreveu muitas cartas, ainda não abriu nenhuma, quem sabe um dia abra e transforme em mais um livro. Ele está lançando seu segundo romance, taí, não sabia também que ele escrevia. Conhecia suas fotos, só. Que são muito boas. Na reportagem o jornalista disse que J.R. Duran fotografa com olhar literário. Poucos são os fotógrafos com olhar literário, pensei assim que li. É preciso ter um olhar que capture além do que está ali na frente, é preciso apresentar a pessoa ou objeto fotografado com outro olhar, olhar literário, eu acho. Realmente não é para todos. O Ederson tem este dom. Fotografa e escreve muito bem. Talvez, ele tenha este olhar literal, porque escreve muito bem. É um dom.

Inspiração

As lembranças estão por toda parte, assim como as palavras que penso em te dizer e calo. Já escrevi e rasguei cartas agora, digito e deleto palavras em busca daquela que expresse o que sinto por você. Me prometi te esquecer mas só me esforço em te ter. Cuido de cada palavra que vou te escrever... só de olhar teus olhos me esqueço que é melhor te esquecer. Por quanto tempo ainda terei forças de sonhar em um dia te ter ?

olhos nos olhos

Observava ontem os olhos cansados de toda aquela gente no ônibus. Pensava no gosto que tenho por olhos e olhares. Porque será que os olhos chamam tanto minha atenção, me interroguei por alguns segundos. Talvez porque desde pequena tenha aprendido a ler os de minha mãe e porque desde sempre nos entendemos assim, com o olhar. Ou, ainda, porque simplesmente gosto de prestar atenção nos olhos de todos. Porque acho que os olhos sempre dizem um pouco mais do que as palavras podem expressar. Deve ser algo relacionado ao funcionamento da minha memória, que sempre guarda os olhos das pessoas, deixando pra trás detalhes como roupa ou cabelo. Não sei. Pode ser por tudo isso e mais um pouco. Gosto simplesmente. Gosto de olhos que sorriem. Guardo alguns na lembrança. Velhos conhecidos, Poucos recentes.Todos conhecidos que marcaram. Uns que não posso mais ver, outros que vejo menos do que gostaria. Um ou dois pelos quais me apaixonei. U m que me deixa feliz só de ver. Alguns que não entendo, poucos

Haikai

dia lindo, sol raiando na janela, a dúvida: pulo ou saio voando? Rafael Vecchio **** Haikai é um tipo de poema surgido no Japão. Conheci este tipo de poesia com Leminski. Nem tenho palavras para elogiar. Gosto muito, ele é genial. Estes dias conheci os haikais do Ricardo Silvestrin. Ele tem um site genial com suas poesias http://www.germinaliteratura.com.br/rsilvestrin.htm Além disso, tem um outro trabalho interessantíssimo: Os poETs, um grupo musical formado por ele e mais dois poetas, eles já lançaram um cd chamado Musica Legal com Letra Bacana, vale a pena conferir. E, neste semana, conheci o trabalho do Rafael Vecchio, que também escreve haikai. Tem dois livros publicados: Areias da Ampulheta e Considerações, Espelho. Já tinha lido e gostado muito deste haikai que publiquei aí em cima, no ônibus. Os haikais do Rafael foram selecionados nas últimas 3 edições do concurso Poemas no Ônibus, da prefeitura de Porto Alegre. Em breve estarão expostos no saguão da Escola de Administração

sempre

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Já é possível ler as letras do cd Carioca do Chico. Só visitar o site http://chicobuarque.uol.com.br/ Para divulgar o cd foram feitas fotos do Chico, quase no tamanho real e distribuido pelas lojas de dicos ... grande idéia. De todas capas de discos e cd, gosto muito desta, porque destaca muito bem os olhos dele. Aproveito pra postar uma das letras que mais gostei: Sempre Eu te contemplava sempre Feito um gato aos pés da dona Mesmo em sonho estive atento Para poder lembrar-te sempre Como olhando o firmamento Vejo estrelas que já foram Noite afora para sempre O teu corpo em movimento Os teus lábios em flagrante O teu riso e teu silêncio Serão meus ainda e sempre Dura a vida alguns instantes Porém mais do que bastantes Quando cada instante é sempre
Ela preferia não lembrar, mas depois daquele filme não foi possível. Pelo menos estava sozinha, pensava, não precisaria explicar suas lágrimas a ninguém. Saiu rapidamente da sala de cinema em direção ao banheiro, precisava lavar o rosto. Enquanto tentava retocar a maquiagem o espelho refletia fragmentos de sua memória. Fazia tanto tempo, já não lembrava exatamente a data, mas não esquecera os detalhes... Voltava para a casa naquela tarde. Recém tinha feito a matricula na faculdade, era seu segundo semestre, já estava mais habituada, contava para ele. Ele falava do seu curso, continuava competindo. O judô fazia parte de sua, desde pequeno. Fora um daqueles encontros “por acaso”. Trocaram mais algumas informações e logo souberam um do outro, que estavam sozinhos. Combinaram de se falar. Os olhares se cruzaram, então, o ônibus dele chegou. Ele acenou e sorriu, seus olhos acompanharam os dele, até onde o movimento do ônibus permitiu. Aquela imagem ficara gravada em sua retina, era a última

Chico na Agenda

Desde que soube que Chico Buarque lançaria um CD tenho visto, ouvido e lido muito notícias sobre ele. Estou adorando. Capa do Segundo Caderno da ZH, Capa da Isto É Gente, Entrevista para a próxima revista Trip e uma excelente entrevista para a Carta Capital. Na Carta, Chico fala sobre tudo, inclusive de política. Devo dizer que gostei muito. Carta Capital , na minha opinião é a melhor revista semanal do país. Faz jornalismo, diferente de todas as outras. Na entrevista Chico fala da "Alegria Raivosa", diz que nunca viu a figura do presidente da República ser tão desrespeitada quanto agora. Chico vê “uma rejeição despropositada”, “preconceitos arraigados”, e a vontade furiosa de “despachar” Lula do poder, o que seria simbolicamente um “retrocesso”. Não posso dizer que aprovo tudo que Lula tem feito. Mas concordo com Chico. Nem o Collor foi tão desrespeitado pela imprensa como Lula está sendo. Desde que estudei a repercussão da matéria de Larry Rohter, na Folha de São Paulo, jor
Marilda é uma mulher que nasceu numa família humilde. É a terceira de sete irmãos. Das mulheres é a mais velha e, por isso, deixou pra trás a escola e foi trabalhar muito cedo. Perdeu o pai muito cedo. Mesmo tendo mãe, não conheceu a metade do amor de mãe que hoje tem por seus dois filhos. Ela sempre teve muitos sonhos, quando criança queria ser bailarina, mas nem perto de uma escola de balé chegou. Não foi por isso que perdeu a alegria que tem em dançar. Na escola sonhava em ser professora. Aos 14 precisou trabalhar para ajudar sustentar a família. Como disse, perdeu o pai muito cedo, era uma das mais velhas dos sete irmãos. Mas nem por isso desanimou. Trabalhou por muito tempo com afazeres domésticos, o que fez dela a dona de casa mais zelosa e organizada que conheço. Logo, encontrou nas crianças alegria em trabalhar. Trabalhou e trabalha com elas há muito tempo. Primeiro com crianças especiais. No meio tempo veio o casamento, a primeira filha e a decisão de trabalhar em casa, cuidan
As mudanças são complicadas. Tenho dois caminhos pra seguir. Só posso ficar com um. A escolha não é fácil. A mudança não afeta só a mim. Talvez tenha sido esta indecisão que me tirou a concentração nos últimos dias. Que difícil é ser adulto. Só agora, decidida, sinto-me melhor. Um peso do tamanho do mundo estava sobre meus ombros, que tarde fui perceber. Um projeto de vida que pensava ser meu e não é mais. As decisões nunca são fáceis. Deixei o coração de lado, desta vez. Espero não me arrepender de novo. A gente não consegue acertar sempre. Sei muito bem disso. Os problemas poderiam bater na porta um de cada vez. Com hora marcada e tempo para resolvê-los. Esta visita em massa me deixou exausta. De onde tiro forças pra continuar? Não fossem os amigos, não saberia.

quintanares

Amar: Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer... E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, e da minha boca fechada nasceram sussurrose palavras mudas que te dediquei... O amor é quando a gente mora um no outro. ***** Eu agora - que desfecho! Já nem penso mais em ti... Mas será que nunca deixo De lembrar que te esqueci?

O único país que pode carregar 6 estrelas no peito

No meu aniversário de cinco anos não conseguia entender porque todo mundo preferia ficar dentro de casa assistindo aquele jogo de futebol. Achava muito mais divertida a rua, os brigadeiros e as músicas. Passei a compreender quando comecei a gostar de futebol também, por causa das Copas do Mundo. Uma vez até pensei em fazer minha monografia sobre a representação de uma copa na televisão. Mas acabei optando por estudar outro tipo de espetáculo, o político. Bom, mas é impressionante como nos tornamos “mais brasileiros” em ano de Copa. Andando pelo centro, estes dias, já pude ver as vitrines com bandeiras do Brasil, pessoas com camisetas verde e amarela (inclusive os vendedores das lojas), os camelôs vendendo todo tipo de coisinhas nas cores da bandeira nacional. O povo todo vira técnico de futebol e quer opinar. Todos nós reclamamos, escalamos jogadores e, todos nós, ainda temos que engolir o Zagallo! Bom, como não poderia ser diferente, a imprensa, também se mobiliza. O Jornal Nacional,

encontro marcado

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Há muito tempo não parava para ver uma novela das sete. Semana passada fui assistir Cobras e Lagartos. Grande elenco, muitos atores consagrados, música boa.A novela anterior teve baixo índice de audiência, agora a Globo resolveu investir. Os personagens principais, Duda e Bel formam um casal ultra-romântico, daqueles que só e possível encontrar em novela mesmo. A historinha é bonitinha, os atores são bons. E confesso, o Daniel de Oliveira prendeu minha atenção, assisti a novela do inicio ao fim. João Emanuel Carneiro fez boa escolha, quando chamou Daniel pra fazer o Duda. O guri além de ser lindo, é muito talentoso. Gostei muito da atuação dele como Cazuza. Simpatizei com o Duda. Ele é daquele tipo de homem que só encontramos nos livros e novelas.O guri é inteligente, sensível, gosta e entende de música, toca sax, além de tudo, é ultra-romântico. Tão romântico que foi capaz de se apaixonar por um retrato de Bel, personagem de Mariana Ximenes. E o tema do casal é uma música linda do cd

samba de verdade

Nunca tinha tido oportunidade de presenciar um show de samba de verdade. A Velha Guarda da Portela apresentou ontem no Salão de Atos da UFRGS apresentou o samba feito no barracão das escolas de samba do Rio de Janeiro. O samba de raiz, samba brasileiro. Muito emocionante ver a Velha Guarda, principalmente ver a alegria daqueles músicos em cantar e levar ao público a tradição, que é fiscalizada por eles próprios, segundo eles, para manter o samba longe dos desvios perigosos... Os músicos esbanjaram simpatia, mostraram samba no pé. Apresentaram uma série de músicas ótimas e levantaram o público que lotou o salão de atos. Parabéns a toda equipe do Projeto Unimúsica da UFRGS que completa 25 anos de muito sucesso, sempre tornando acessível ao público, shows de grande qualidade.

Diva é Diva ...

O show iniciou pontual. Palco totalmente escuro, só podiamos ouvir a voz de Marisa. Ela iniciou o show com a minha já predileta música: Infinito Particular. Quando o palco foi iluminado o público pode ver Marisa, com sua saia lilás e suas botas pretas. A voz dela é ainda mais linda ao vivo. Maravilhosa. Se pudesse escolher a voz de alguém para ter igual, era a dela que iria escolher. Ela é mais simpática do que eu imaginava, conversou o tempo todo com o público. Contou com quem e como compôs cada canção. Foi apresentando seus músicos. Tocou violão, guitarra, cavaquinho .... dançou. Um espatáculo. O samba que ela fez com a Adriana Calcanhoto - Quem sabe? - é lindo. Do Universo ao Meu Redor ela apresentou Universo ao meu redor, Meu canário, Satisfeito. Esperei que ela cantasse o "Bonde do Dom", uma das que mais gosto deste cd. Mas são tantas maravilhosas, que mesmo tendo mais 2 horas de show não teria como ouvir tudo. E Marisa não cantou só músicas dos últimos dois cds, cantou

Teresa, que esperava uvas

Gabriel Garcia Marques me bloqueou. Não consegui terminar de ler Cem Anos de Solidão. Talvez não seja a hora, algum outro dia, quem sabe em outro ano tente recomeçar. Mas precisava voltar aos livros literários ... Foi quando conheci, organizando um evento onde trabalho, a escritora Monique Revillon e seu livro de contos:Teresa, que esperava uvas. O livro da Monique sugere um novo olhar sobre o mundo, na tradição da literatura de introspecção. Mas Veríssimo alerta no prefácio que o livro é “prismático”, porque se reflete em várias direções. Alguns desses prismas podem ser vistos logo no índice. Já tenho dois contos preferidos: "O peixe" e "Reencontro". Teresa, que esperava as uvas pede uma leitura lenta e contemplativa. Que se saboreie cada trecho. Disse Clarice Lispector que “escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível” . É do irreproduzível que esse livro fala. E como trata-se de um livro cheio de paradoxos e labirintos, então é possível c